“Não
quero fatura com contribuinte, o governo já sabe muito da minha vida, e assim
não deixo registo” é talvez das frases que mais ouço quando trabalho ao fim de
semana na caixa de um restaurante. Uma vez que acabou de pagar em multibanco,
por vezes não consigo resistir e pergunto “ O senhor acabou de pagar em
multibanco, como não vai deixar vestígios?”. Olham para mim como uma miúda que
nada sabe sobre a vida dos adultos, sorriem e vão embora. Por vezes gostava de
lhes poder responder e dizer-lhes que deviam ser mais inteligentes e que ao
pagarem por multibanco deixam registo na mesma. Será que sabem que não estamos
seguros e que “O problema é que hoje não existe nenhuma entidade que garanta
total fiabilidade na guarda dos segredos.” (Belanciano, 2014:25).
Por
vezes queremos preservar a nossa intimidade e nem sabemos quais os passos a
seguir. Seja por que motivo for, nós temos direito a ter coisas só nossas,
coisas que não queremos que mais ninguém saiba. Será possível acontecer com
tanta tecnologia que nos rodeia? Talvez não seja e nem nos damos conta disso.
Se andamos na rua, temos câmaras em quase todas as ruas e estradas. Quando
utilizamos uma rede social, podem facilmente obter a nossa localização ou
analisando as fotos descobrir onde estamos. Onde utilizamos o multibanco,
também facilmente nos descobrem. Quando colocamos o nosso contribuinte numa
fatura, localizam onde e quando fomos a um determinado local. Quando fazemos
uma conta e-mail e colocamos os
nossos dados pessoais, esses mesmos são utilizamos posteriormente pela empresa
Google. Por isso será que continuamos a ter direito à nossa privacidade?
Contudo
o uso do multibanco é muito mais cómodo porque não precisamos de andar com
muito dinheiro, evitando ser uma boa vitima para um assaltante. O e-mail é bastante vantajoso para
poder-mos fazer diversas coisas à distância de um clique, ou até para algo mais
formal como, por exemplo, enviar trabalhos ou contatar com um professor. Basta
ter-mos internet e nem precisamos de andar com uma pen, apenas com internet
vamos ao e-mail ou à nossa dropbox e temos aquela apresentação
importantíssima guardada. Podemos através das redes sociais e dos chats falar com amigos e familiares que
estão no outro lado do mundo e podemos colmatar a solidão com alguém que longe
nos dá uma palavra de conforto, em tempo real. Cada vez mais estamos rendidos e
envolvidos na Era digital, pelo comodismo e pela dinâmica e facilidade de tudo.
Posto
isto, devemos utilizar o que nos é mais cómodo ou devemos de preservar a nossa
intimidade? Vai continuar a ser um tema ambíguo e que nos dá benefícios mas que
também nos trás malefícios, como tantas outras coisas. Por isso devemos seguir
algumas regras básicas para nos proteger e conseguir utilizar todas as suas
vantagens. Como por exemplo ter boas passwords,
ter um bom antivírus e saber se, quando falamos nos chats, estamos realmente a falar com quem pensamos, porque por
vezes as pessoas escondem a sua verdadeira identidade.
Bibliografia
Belanciano, V. (2014). Não são apenas as
celebridades que estão a nu na Internet. Público, 25